Na medição feita antes da chegada dos computadores, em
2005, a unidade de ensino obteve índice de 2,6. Esse número subiu para 4,2 em
2007, meta prevista pelo ministério para ser atingida em 2015. A evasão escolar
registrada foi de apenas 0,6% no último ano.
A escola, um Centro Integrado de Educação Pública (Ciep)
municipalizado em 2005, foi uma das primeiras do município a ter um laboratório
com computadores conectados à internet, cedidos pela prefeitura. A iniciativa
resultou de um projeto de inclusão digital iniciado no final dos anos 90.
“A gente viu que o grande lance de você trazer a internet
é dar informação para as pessoas, e isso somaria mais na área de educação. O
primeiro ponto que a gente fez foi interligar todas as escolas e colocar
laboratório de informática com banda larga”, destaca o coordenador-geral do projeto Piraí Digital,
Gustavo Tutuca.
Os bons resultados obtidos pelo município com a criação
dos laboratórios digitais em todas as escolas públicas, onde os alunos podem
usar computadores com internet, fez com que a cidade fosse uma das cinco
escolhidas pelo governo federal para participar do projeto experimental Um
Computador por Aluno (UCA), do Ministério da Educação (MEC).
A Escola Professora Rosa da Conceição Guedes já
disponibiliza, nessa parceria com o MEC, desde 2007, um laptop conectado à
internet para cada aluno e professor. A partir de março de 2010 todos os
estudantes da cidade terão um computador portátil, com conexão à rede mundial.
Em uma segunda fase, os estudantes poderão levar os laptops para casa e acessar a web. A ideia é promover também a
inclusão digital dos parentes.
A introdução do uso do notebook e da internet no ensino
causou profundas mudanças no processo pedagógico desenvolvido nas escolas
públicas da cidade. Para enfrentar o mundo digital, professores e alunos tiveram
de se adaptar a uma nova realidade.
“É uma quebra de paradigma muito grande. Nós fomos para a
faculdade e aprendemos de um jeito, a ensinar de um jeito. E a gente está tendo
que reaprender tudo. É uma coisa nova, sem parâmetros. A gente está aprendendo
com os alunos também”, afirma a diretora da escola, Lea Maria Peixoto.
Segundo ela, o novo sistema alterou o convívio entre os
estudantes e os colocou “em pé de igualdade”, facilitando a socialização. “Uma
das justificativas que a gente tinha na orientação educacional, quando a gente
chamava o pai para saber por que aquele aluno estava com aquela nota, era que a
criança era tímida, tinha vergonha de perguntar para o professor com medo de o
colega o chamar de burro”, diz a diretora.
“Quando o computador chegou, os alunos passaram a se
respeitar mais, ‘nós estamos aqui iguaizinhos, eu não sei mais, você não sabe,
eu sei um pouco, você sabe um pouco, vamos juntar’. O número de brigas
diminuiu, a indisciplina na sala caiu bastante”, conta.
Mas não foi só entre os alunos que a relação melhorou. O
computador ajudou a desfazer a imagem de que o professor é superior aos alunos,
e abriu espaço para os estudantes ensinarem aos docentes como lidar com o novo
equipamento.
“Antes, o professor ensinava. Eu mando, eu sei. Quando
chegou esse bichinho aqui... ‘Travou, e aí? Eu não sei o que eu vou fazer.
Rodrigo, vem cá! Maria vem cá, me ajuda!’ E aí facilitou essa aproximação”,
destaca.